terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Diário da Manhã - 28 de janeiro de 2010

Diário da Manhã

Dengue atinge grau de epidemia
Estado registra mais de 9 mil casos nas primeiras semanas de 2010. Goiânia recebe classificação de “médio risco”

O Estado de Goiás registrou mais de 9 mil casos de dengue nas três primeiras semanas de 2010. Os dados são da Secretaria Estadual de Saúde, que divulgou ontem o terceiro balanço do ano dos casos de dengue. A cidade de Goiânia foi a campeã em números absolutos de ocorrências da doença, 4.733, quase 3 mil a mais que na semana passada. Mas, em números relativos, é o município de Barro Alto o campeão de casos de dengue, 129 para 6.676 habitantes.

Como o coeficiente de incidência da doença ultrapassou o esperado para este período do ano (439,93% a mais que o mesmo período do ano passado), “podemos dizer que estamos vivendo uma epidemia”. Foi o que declarou a gerente de Vigilância Epidemiológica da SES, Magna Maria Carvalho. Ela explica que “a dengue é uma situação complexa, mas a sociedade banalizou a doença, o que fez com que chegássemos a esses números. É preocupante”, alerta.

Na opinião do diretor-geral do Centro de Apoio Integral à Saúde (Cais), Themison Loyola, no Jardim Nova Era, bairro situado na divisa dos municípios de Goiânia e Aparecida, “esta é a maior epidemia de dengue que já tivemos”. Mas ele diverge de Magna Carvalho. “Os pacientes estão mais cientes dos perigos da dengue, por isso, ao menor sinal da doença, eles se encaminham aos Cais. Eles superlotam os centros, mas chegam em melhores condições de tratamento. Este ano, vemos que os casos estão menos graves.”

Entretanto, essa imunidade não foi suficiente para impedir que quatro pessoas do Estado chegassem a morrer em decorrência de complicações da doença. Destas, três são de Goiânia e uma criança de 10 anos é de Aparecida de Goiânia. Outras quatro mortes estão sendo investigadas, uma no município de Nova Veneza, uma em Aragarças e mais duas na Capital.

O diretor explica que no Cais Nova Era foi montada uma estrutura extra para suportar a demanda dos casos de dengue que chegam até lá. “Atendemos uma faixa de 700 a 1.000 pacientes com suspeita de dengue por dia”, comenta. Destes, 54% são de Goiânia e 46% são de Aparecida. Salas de internação provisória foram montadas e uma tenda abriga os pacientes que fazem a triagem do grau de urgência de seus casos. “Damos prioridade aos pacientes com dengue. Eles são classificados de 1 a 4, sendo os dois últimos encaminhados à urgência”, explica.

De acordo com a agente administrativa Soraia Aparecida de Jesus, 45, “a estrutura não está sendo suficiente”. Ela estava ontem à tarde no Cais acompanhando a filha de 12 anos que sentia os sintomas da doença. “Demos entrada às 9h30, mas como só tinha um pediatra atendendo, minha filha só fez os exames às 13h30. Ela conseguiu uma vaga para tomar soro somente após as 17h”, desabafa. “Eu também esperei bastante”, reclama Diego Ferreira Cardoso, 26, autônomo. Há dois dias que está sentindo dor nos olhos, tontura, mal-estar e enjôo. “Sinto tanta dor de cabeça que mal consigo colocar os pés no chão.”

Os 246 municípios goianos foram classificados pela Secretaria Estadual de Saúde em relação ao grau de risco de incidência e notificação de casos de dengue. Dezoito estão na lista de “alto risco”, dentre elas, Barro Alto, Goianira, Campos Belos, Iporá e Senador Canedo. Goiânia, Aparecida de Goiânia, Porangatu, Bela Vista e Rio Verde estão entre os 46 municípios de “médio risco”. Cidades turísticas como Pirenópolis, Cidade de Goiás, Aruanã, Caldas Novas, Pires do Rio, e ainda a cidade de Anápolis estão entre as 78 de “baixo risco”. E 104 municípios ainda não notificaram nenhum caso de dengue, como Três Ranchos, Quirinópolis e Morrinhos.

“Do que adianta cuidarmos da nossa casa se vemos isso”

A fonte d’água no viaduto da Avenida T-63 acumula água nos dois lados da via. Luciene Alves, de 21 anos, e Fernando Rios, de 23, observam que a água pode facilitar a reprodução do mosquito transmissor da dengue, o aedes aegypti. Fernando reclama da situação. “Do que adianta cuidarmos de nossa casa se vemos isso” ressalta.

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