terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Diário da Manhã - 28 de janeiro de 2010

Diário da Manhã

“Celg enfrentava dificuldades desde 1982”
Ex-presidente da estatal afirma que Usina de Corumbá I foi transferida a Furnas por falta de dinheiro para conclusão

Ex-presidente da Celg Marco Antônio Machado disse ontem, durante depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga o endividamento da estatal, que em 1982 a empresa já enfrentava “sérios problemas econômicos”. Marco esteve à frente da companhia entre outubro de 1983 a abril de 1987, durante o governo de Iris Rezende (PMDB). Para ele, a paralisação das obras da Usina de Corumbá I foi benéfica para a empresa. “Nem o Estado de Goiás e nem a Celg tinham condições de arcar com a construção da Usina de Corumbá I.” De acordo com ele, a transferência da geradora para Furnas, de Minas Gerais, se deu a partir de uma decisão do Ministério de Minas e Energia e da Eletrobrás, que controlavam o setor elétrico brasileiro na época.

O ex-presidente contou que os balanços durante sua gestão indicam lucro da companhia. De acordo com ele, o relatório entregue pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), vinculada à Universidade de São Paulo (USP), comprovaria a afirmação. O engenheiro afirmou que na época o volume de serviços terceirizados era mínimo. O quadro era diferente, segundo ele. A Celg não contava com trabalhadores e nem serviços de aluguel de carros terceirizados.

“Os funcionários da companhia realizavam todos os serviços de sua atividade fim. Faziam manutenção de linhas, elaboravam projetos, faziam fiscalização e até leitura de relógios. Era parte da despesa operacional. Quando presidente, procurei acompanhar os limites de receita para que a Celg conseguisse cumprir os objetivos. Pautei minha gestão pela austeridade e extrema seriedade, a ponto de, presidente, não utilizar carros da companhia”, afirmou o engenheiro.

Relator da CPI, o deputado Humberto Aidar (PT) questionou ao interrogado se o marco da sua gestão – a transferência de Corumbá I para Furnas – foi a melhor medida. O engenheiro contou que a usina não tinha a menor condição de ser construída, pois faltavam recursos da Celg e do Estado. Conforme relatório da Fipe, essa transação seria um dos motivos da crise enfrentada pela empresa atualmente.

Aidar perguntou ao ex-presidente ainda se ele poderia fazer avaliação das principais causas do endividamento da Celg. Marco Antônio se absteve de responder. Disse que não poderia entrar no mérito da questão e se emocionou ao dizer que tem “carinho” pela empresa, já que seu primeiro emprego foi como engenheiro na construção da primeira etapa de Corumbá, em 1967. Após o término da sessão, o petista avaliou que o ex-presidente não teve nenhuma responsabilidade na transação, pois apenas teria cumprido ordens. “A decisão veio do governo federal e do governador”, afirma.

O presidente da CPI, deputado Helio de Sousa (DEM), informou que toda a documentação entregue por Marco Antônio Machado durante seu depoimento será repassada para a imprensa. Os documentos trazem gráficos e balanços de sua gestão.

Bloqueio

O deputado José Nelto (PMDB) disse que é um absurdo a Evoluti, empresa terceirizada pela Celg, “prestar o mesmo serviço à Saneago e cobrar a metade do preço”. Cópia de uma auditoria executada por profissionais da Celg mostra que a estatal goiana paga por este serviço R$ 243 mil por mês a mais do que os preços de mercado. “É um prejuízo de milhões até o final do contrato.”

Nelto, no entanto, isenta os governadores de Goiás dos últimos 25 anos de responsabilidade pela atual situação da empresa. “A responsabilidade principal é dos diretores da empresa. Tenho certeza de que nenhum governador tinha ciência de que isto estava acontecendo, porque, se tivesse, certamente demitiria esses diretores”, explicou.

O peemedebista, que integra a CPI, quer acareação entre ex-presidentes e diretores da Celg para apurar possíveis divergências. Ele também pede a quebra dos sigilos bancário, fiscal e telefônico de todos os diretores da estatal e das empresas envolvidas nos empréstimos feitos por ela, mas é contra a quebra do sigilo de ex-governadores.

O promotor de Justiça Fernando Krebs processa a Evoluti e pediu que o patrimônio da empreiteira seja colocado à disponibilidade da Justiça. Segundo Nelto, as empresas que fizeram contratos com a Celg são o “câncer” da empresa. A Evoluti já teve seus bens bloqueados, com a quebra dos sigilos bancário, fiscal e telefônico. “Mas isso não basta. É preciso fazer uma análise da evolução patrimonial de diretores da Evoluti e de outras empresas”, afirmou. Ele diz que a CPI é oportunidade de tirar essa história a limpo e “descobrir se houve mesmo algum esquema nebuloso”.

Um comentário:

  1. Ficamos muito indignados de sabermos que um patrimônio "nosso" está numa sitaução tão caótica, infelizmente, os governadores colocaram só "ratos" para administrar a Celg, a justiça tem que se apressar para que apure o mais rápido os CULPADOS pela situação da companhia, sabemos que existem pessoas sérias também, porém, está na hora de manifestar, fazer pagar pelo rombo da companhia.

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