terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Diário da Manhã - 28 de janeiro de 2010

Diário da Manhã

Doutor Alcides é mal-agradecido

Todo eleitorado goiano sabe que se não fosse a saga, carisma e dinâmica do senador Marconi Perillo, o doutor Alcides Rodrigues não seria hoje governador de Goiás. O vice do Marconi, à época, era um cidadão frio, desmotivado e sem aptidão para arregimentar eleitores capazes de derrotar o candidato do PMDB, Iris Rezende, homem forte daquele partido. O professor Nion Albernaz, outro campeão de votos, subia aos palanques e pintava belo retrato do candidato Marconi, mostrando a longevidade do candidato oposicionista na chefia do governo do Estado.

Enquanto o Marconi e sua trupe expunham o que seria o tempo novo para Goiás, o grupo com 16 anos de governo não tinha mais nada a dizer sobre melhores dias para o futuro próximo. Doutor Alcides chegou à chefia do governo goiano em razão da desincompatibilização de seis meses antes do pleito e foi indicado por Marconi candidato do tempo novo a governador.

Enquanto o governador licenciado fazia o eleitorado vibrar, o doutor Alcides, o candidato sucessor, acompanhava a caravana igual a um urutau agarrado na árvore: imóvel e caladão.

Neste momento de mobilização política, o governador Alcides, seguidor de seu padrão ético e educado, mantém-se na retaguarda e solta seus porta-vozes durante reuniões ou solenidades políticas para fustigar o senador Marconi Perillo com a quebradeira da Celg e suposto deficit mensal de 100 milhões de reais. Nenhum processo, procedimento investigatório ou CPI foi instalado a partir do governador. Pelo contrário: quando o senador estimulou a criação de uma CPI para verificar a questão do deficit, vimos recentemente o governador recuar. Que estranho! Ele apenas semeava boatos através da imprensa por meio do seu porta-voz mor, o loquaz Jorcelino Braga, pretendente a indicação como candidato da decantada terceira via.

O secretário da Fazenda vem azedando a relação entre Marconi e o governador e distanciando os partidos que antes eram coligados e imbatíveis. Parodiando os técnicos de futebol, em time que está ganhando, não se mexe. A coligação que formou o tempo novo tem tudo para permanecer no poder e realizar outra grande administração, para o bem de Goiás e de seu povo.

O doutor Alcides deveria mandar o Braga cuidar dos negócios fazendários, por exemplo: o aumento do funcionalismo e convidar o Marconi para uma reunião visando colocar “a teia de aranha” em pratos limpos. Nosso digno governador é honesto, bem intencionado, está realizando um bom governo, mas falta-lhe um Antônio Magalhães, (secretário de governo de Iris Rezende no primeiro mandato) matreiro e ao mesmo tempo bom de argumentos, sério, que inspira respeito, confiança. Mande o Braga ir cantar em outra freguesia.

A eleição do senador Marconi e um terceiro mandato de governador está garantida, pois o PMDB não tem candidato competitivo porque o Iris já teve sua vez. Henrique Meirelles é, indiscutivelmente, o mais capacitado financista brasileiro, mas como candidato ao governo carece de vivência política. É um neófito sem lastro nas bases e sem força nas cúpulas.

A pretendida terceira via, que alguns políticos sem votos estão articulando, não terá condição de sucesso algum e o governador não tem necessidade de entrar nesta barca nas ruas. Para certificar da verdade, faça uma pesquisa auscultando o eleitorado sobre as razões do rompimento do doutor Alcides com seu histórico companheiro de jornadas vitoriosas, Marconi Perillo.

Na Assembleia Legislativa tem uma CPI da Celg em fase de conclusão. Até o momento, os nomes apontados como geradores de ações prejudiciais à empresa são do PMDB. Quanto à ladeada falência, segundo os dados até agora apurados, nada têm a ver com o governo Marconi Perillo. As supostas dívidas de milhões, segundo o loquaz secretário, não foram demonstradas claramente, vez que a administração Alcides Rodrigues não sofreu paralisação por falta de recursos. O pagamento do funcionalismo está em dia e a implantação do Plano de Cargos e Salários não inviabilizou o governo. Só falta pagar os reajustes previstos na data base. Dessa forma, quem é mentiroso é quem tenta falsear tudo, burilando números e, com certeza, não é o senador Marconi.

No PMDB, vive-se um impasse: um pretenso candidato teme ir para a disputa e sofrer mais uma derrota, um outro também faz jogo de cena para dissimular seu temor de naufrágio. Enquanto isso, Marconi está a todo vapor em sua pré-campanha, vendo a adesão a seu nome crescer dia a dia. O tempo passa, a hora da verdade se aproxima, e a imagem do governador vai ganhando o epíteto de mal-agradecido.


Alírio Afonso de Oliveira é jornalista e membro da Academia de Letras de Caldas Novas

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