Marconi pede explicações a Braga
Recurso protocolado ontem no tribunal de justiça diz respeito à declaração do secretário, que chamou tucano de mentiroso
Fabiana Pulcineli
A briga entre PP e PSDB foi novamente parar na justiça. Desta vez, porém, o próprio senador Marconi Perillo – e não mais o diretório do PSDB ou aliados – entrou com pedido judicial de explicações contra o secretário da Fazenda, Jorcelino Braga (PP).
A solicitação foi protocolada no Tribunal de Justiça na tarde de ontem e diz respeito à declaração do secretário, em entrevista coletiva no dia 20, chamando o senador de mentiroso. Ao ser questionado sobre o fato de que Marconi dizia que a tese de déficit de R$ 100 milhões, que o governo afirma ter herdado, era “uma grande mentira”, Braga respondeu que mentiroso era o senador.
“Ele é um mentiroso de mão cheia. Vai na STN (Secretaria do Tesouro Nacional) e veja o que é déficit e o que não é. Manda ver os números. Mentiroso é ele”, afirmou o secretário. A declaração provocou nova troca de ataques entre tucanos e governistas. Na ocasião, o PSDB estadual informou que entraria com ação contra o secretário.
O advogado de Marconi, João Paulo Brzezinski, afirmou que o pedido de explicação – previsto no artigo 144 do Código Penal –, é encaminhado ao presidente do TJ, Paulo Teles, já que, por ser secretário, Braga tem foro privilegiado. O TJ solicitará a resposta ao secretário que, após intimado, tem 48 horas para enviar o documento.
A partir da resposta, a defesa do senador vai avaliar se entra com processo por crime de injúria. “Se ele eventualmente tomar uma posição de manter o comentário, ele pode ser processado por injúria, além dos processos cíveis de indenização”, afirmou Brzezinski. Segundo o advogado, caso o tucano decida solicitar indenização por danos morais e vença a disputa na Justiça, o dinheiro será doado a alguma instituição de caridade.
Resposta
Por telefone, o secretário da Fazenda disse ontem ao POPULAR que não haverá reparação e que mantém o que disse sobre o senador. “Eu mando a explicação e, se for o caso, respondo ao processo. O que fiz foi responder sobre uma acusação que ele fez de que o governo estava mentindo. Mentiroso é ele”, afirmou.
Segundo o secretário, não há a menor chance de retratação porque os números provam que o déficit foi herdado pelo governo atual, que conseguiu equilibrar as contas.
Pela manhã, antes dos tucanos anunciarem a medida judicial contra o secretário da Fazenda, o governador Alcides Rodrigues (PP) voltou a falar das dificuldades financeiras enfrentadas pelo governo e a reafirmar que venceu o déficit de R$ 100 milhões.
Em discurso enfático em evento em Anápolis, o governador disse que todos os goianos sabem os resultados das medidas adotadas pelo governo para reequilibrar as contas do Estado. “Tivemos inúmeros problemas quando assumimos o governo. Muitos não entenderam nossas ações, como a reforma administrativa, mas o resultado todos sabem. Acabamos com o déficit em dezembro de 2008 e cumprimos todas as metas fiscais com louvor, o que rendeu elogios do governo federal”, disse.
Sob intensos aplausos, Alcides afirmou que, graças ao esforço de sua equipe, o Estado conseguiu autorização da Secretaria do Tesouro Nacional (STN) para contratar empréstimos. “Quando assumimos não tínhamos sequer o direito de pegar meio centavo de empréstimo. Hoje podemos pegar verbas de até R$ 1,87 bilhão. Este foi o fruto do trabalho do governo. Venho falando de cabeça erguida que estamos cumprindo todos os compromissos.”
Processos
O duelo entre PP e PSDB na Justiça começou no ano passado, quando o rompimento entre os dois partidos passou a ficar mais explícito. As trocas de acusações entre os dois partidos renderam pelo menos outras 12 ações judiciais.
As ações tiveram início em maio, depois que o deputado federal Carlos Alberto Lereia (PSDB) disparou ataques ao secretário da Fazenda e ao governador. Na ocasião, o tucano disse que Alcides é “sem caráter” e “traidor”. Além disso, ele acusou Braga de “agiotagem” e de se beneficiar do cargo para negócios pessoais.
O PSDB, por meio do diretório nacional, também moveu ação contra o governador por conta da visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a Anápolis e Goiânia, em 13 de agosto do ano passado.
Especulações sobre PR irritam governador
Fabiana Pulcineli
O governador Alcides Rodrigues (PP) afirmou ainda contar com o PR na frente governista, aliança que vem sendo articulada pelo pepista também junto ao DEM e ao PSB. Ele demonstrou irritação com as especulações de que o PR pode compor com o PMDB.
O POPULAR revelou na semana passada que o deputado federal Sandro Mabel, presidente estadual do PR, teve conversa sobre a sucessão de outubro com o prefeito de Goiânia, Iris Rezende (PMDB). Na ocasião, teria sido admitida a possibilidade de cessão da vaga de vice na chapa ao PR. O próprio Iris confirmou a conversa, embora não tenha admitido que falou sobre a chapa.
“Quem te disse que o PR saiu da composição?”, perguntou o governador ao repórter, que esclareceu que falava da possibilidade. “Possibilidades existem inúmeras, mil. Eu não vou me ater a um assunto... O próprio presidente do PR disse que nunca conversou com ninguém a este respeito. Quem inventou isso tem outros interesses”, rebateu o governador.
Investimentos
Alcides esteve em Anápolis para anunciar investimentos e benefícios. O governo, por meio da Saneago, assinou convênio com a prefeitura no valor de R$ 100 milhões. Segundo a assessoria de imprensa, as obras a serem feitas com o recurso garantirão 100% de abastecimento de água no município até 2030. Do valor, R$ 63 milhões serão financiados pela Caixa Econômica Federal, em projeto do governo federal.
O governador disse que, diante de reivindicação do setor empresarial, o governo prepara projeto de obras do contorno do Distrito Agroindustrial, em extensão de 7,7 quilômetros. A previsão é de investimento de R$ 8,7 milhões.
A comitiva seguiu, do gabinete do prefeito Antônio Gomide (PT), para a Estação de Tratamento de Água (ETA), onde foram entregues benefícios, como a reforma da estação – orçada em R$ 130 mil –, um auditório e 10 viaturas, sendo quatro utilitários, quatro furgões, um caminhão e uma retroescavadeira.
Durante a visita, o governador anunciou ainda a liberação de R$ 22 milhões para pavimentação de ruas e a duplicação da Avenida JK. Ele afirmou que voltará em breve à cidade para novos anúncios de obras e liberações de recursos.
“Conheço bem Anápolis e suas necessidades. Já investimos muito aqui e vamos fazer ainda mais”, afirmou o governador, que foi interventor da cidade em 2004, após cassação de Ernani de Paula.
Hoje o governador acompanhará o presidente do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, em visita ao Centro de Inserção Consuelo Nasser, em Aparecida de Goiânia.
Grupo quer evitar disputa interna no PMDB
Bruno Rocha Lima
O grupo do PMDB próximo ao presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, levou ontem ao prefeito de Goiânia, Iris Rezende, proposta para um entendimento entre os dois. Quer acabar com o clima de embate que tomou o partido com a insistência de Iris em deflagrar internamente a discussão eleitoral, enquanto Meirelles insiste em retardar o processo.
Com o aval do presidente do BC, com quem se reuniram na terça-feira, o deputado estadual Thiago Peixoto e o ex-conselheiro do Tribunal de Contas do Estado Frederico Jayme pediram que Iris evite clima de disputa interna.
Meirelles teria admitido que é impossível segurar as articulações políticas de Iris, que já começa a adotar ritmo de pré-campanha. Teria inclusive concordado que é necessário o prefeito se movimentar junto ao partido para engajar desde já as bases no processo eleitoral e manter acesa a perspectiva de poder. Mas disse que também mantém o projeto de disputar o governo.
O presidente do BC pediu, portanto, que a definição do candidato se dê apenas no final de março, quando teria um quadro mais definido do cenário nacional – é cotado para a vice da ministra Dilma Rousseff – e também poderiam avaliar melhor qual dos dois seria mais forte para disputar o governo de Goiás. Iris teria acatado a proposta, mas disse que, embora admita que a preferência hoje seja de Meirelles, continuará a articular sua pré-candidatura.
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