Anápolis: violência policial!

CIDADES

PM é acusada de explodir bomba nas mãos de rapaz

Crime teria ocorrido no domingo, em Anápolis. Vítima terá de amputar as duas mãos

Paulo Nunes Gonçalves, de Anápolis

O trabalhador braçal Thiago da Costa Fernandes, de 26 anos, terá de amputar as duas mãos devido à explosão de duas bombas - uma em cada mão - que, segundo registro feito pela família de Thiago no 3º Distrito Policial, em Anápolis, teriam sido coladas nele por policiais militares.

Thiago foi agredido no início da noite de domingo, no Bairro Jardim Tesouro, onde duas mulheres estavam brigando. O rapaz passava pelo local e uniu-se a um senhor para tentar separar a briga. Uma das mulheres chamou o marido, que é policial, e disse a ele que teria sido agredida pelo trabalhador.

De acordo com o registro, os policiais - cujos nomes não foram divulgados - levaram Thiago para um lugar ermo, onde prenderam, com uma fita adesiva, uma bomba em cada uma de suas mãos e em seguida fizeram a detonação dos artefatos.

O trabalhador foi levado para o Hospital de Urgências de Anápolis e ainda no domingo à noite submeteu-se a uma cirurgia. Ele permanece internado, não corre risco de morte, mas, segundo os médicos, deve ter as mãos amputadas.

De acordo com um parente de Thiago, que pediu para não ser identificado, outra preocupação que se tem a partir de agora é com o sustento da esposa e das duas filhas pequenas do rapaz.

A corregedoria da Polícia Militar abriu sindicância para apurar a denúncia, que, num primeiro momento, tenta identificar os autores das agressões. Segundo o coronel José Antonio de Lemos, corregedor da PM em Anápolis, as fotos dos militares que estavam de serviço no domingo à noite foram mostradas ontem a Thiago, mas nenhum deles foi reconhecido como autores do crime.

O delegado Glaysson Reis, do 3º Distrito Policial, pretende ouvir os acusados ainda nesta semana. “Independente do trabalho que vem sendo feito pela corregedoria, que apura o fato no âmbito administrativo, o nosso inquérito visa apurar as responsabilidades pelo crime”, relatou ontem o delegado.