segunda-feira, 12 de abril de 2010

Escoando à força!







ARTIGOS

Rodovias e energia

Pelo menos duas situações de alta precariedade constituirão temas dos planos de governo que começam a ser elaborados e que darão sustentação às campanhas para eleição do próximo governador: energia elétrica e rodovias. Ambas deverão ter soluções abrangentes na gestão que se iniciará em janeiro de 2011, uma vez que tais setores indispensáveis ao crescimento econômico encontram-se severamente prejudicados por uma série de fatores.

Segundo a Federação da Agricultura do Estado de Goiás (Faeg) 20 rodovias estaduais estão danificadas por falta de manutenção e recuperação do asfalto impondo, em especial aos produtores rurais que precisam transportar suas safras, perdas volumosas. Há, ainda, no terreno da logística, outros entraves que precisam ser sanados e somente o serão se planos vigorosos forem criados, com orçamentos crescentes.

A questão energética configura outro flanco difícil de ser contornado e para o qual serão necessárias ações práticas e investimentos apreciáveis. A Celg, a principal estatal do Estado e responsável pelo suprimento de energia no território goiano acha-se, conforme amplamente noticiado, em situação calamitosa, com dívidas de R$ 6 bilhões.

A inadimplência com credores privados e governamentais como Eletrobras levou a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) a suspender a aplicação dos reajustes da tarifa. Assim vem acontecendo anos a fio. Sem dinheiro, a empresa reduziu drasticamente o investimento em expansão e melhoria da rede energética estadual.

O resultado dessa inércia é visto hoje nos “apagões” constantes e na ameaça clara e inquestionável de entraves ao desenvolvimento econômico decorrente de carências energéticas impeditivas também da expansão industrial.

Mesmo com a assunção da distribuidora pela estatal federal, que a salvaria da falência mediante compra de suas ações sem valor na Bovespa (ação cotada a um centavo), os problemas não desaparecerão da noite para o dia.

Em vista dessa realidade adversa os programas do futuro governo deverão ser generosos financeiramente para o trato das duas questões vitais. Sem uma resolução efetiva o Estado verá, nos próximos anos, encarecer os transportes ao mesmo tempo em que setores importantes como o industrial ficarão estagnados, sem chance de crescer.

Os planejamentos tenderão a incluir como norte o binômio: modernização e desenvolvimento econômico e social. Não tem como adotar critérios modernizantes da máquina administrativa sem que, no mesmo passo, sejam identificadas fontes de financiamento confiáveis, para manter a malha viária em perfeitas condições de tráfego.

E, também, manter o sistema energético estadual com total capacidade operativa, atendendo a tempo às demandas onde que quer que surjam. Estado moderno é aquele em que a gestão tem qualidade, a começar pelo planejamento, passando pela execução e contemplando dispositivos de avaliação e de manutenção da obra realizada.

De pouca valia tem o hospital construído às pressas para atender demandas urgentes no campo da saúde pública se não houver dotação orçamentária para que seja mantido com eficiência. Os programas dos candidatos ao governo estadual não poderão dissociar da vertente “modernidade e desenvolvimento” a questão relativa às estradas e à energia elétrica.

E deverão com isso se preocupar, porque as barreiras ao crescimento pleno aumentarão gradativamente, apesar de já serem graves. Os índices de crescimento econômico precisam continuar se expandindo. Não apenas através do agronegócio e venda de commodities como soja e carne. Mas, efetivamente, amparados por um sistema de transportes bem estruturado, e pela oferta de energia em tensões firmes. O que virá melhorar, ainda, a competitividade dos produtos goianos.

Goiás é exemplo de Estado produtor/exportador que depende da rodovia e da energia. Porque ainda está na fase mediana de aproveitamento de seus potenciais. O que configura, por último, uma questão de futuro e como tal deve estar encaixada nos planos de governo que ora se alinham nos comitês dos candidatos. O Estado vive numa corda bamba em relação às duas magnas questões. Tapa um buraco aqui e outro ali, conserta um transformador estrondado aqui e outro ali, mas os sistemas como um todo continuam vulneráveis. E cada vez mais decadentes.

HENRIQUE DUARTE é jornalista

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