terça-feira, 13 de abril de 2010

Marconi: apoio nacional!









Marconi denuncia fabricação de dossiê

O senador Marconi Perillo (PSDB) denunciou ontem uma tentativa de adversários de incriminá-lo com dossiê formado por documentos falsos. Marconi pediu ao presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP), que a Corregedoria do Senado investigue a falsificação de passaporte e de procuração em seu nome, que teriam sido utilizados para abertura e movimentação de contas bancárias no exterior. Investigação idêntica também foi solicitada pelo parlamentar à Procuradoria Geral da República e ao Ministério da Justiça.

Segundo Marconi, um dossiê anônimo reunindo essa documentação, mais extratos bancários, chegou à sua residência na última terça-feira (6), mesmo dia em que foi lançada no Twitter sua pré-candidatura ao governo de Goiás. Essa coincidência fez com que ele atribuísse a adversários a elaboração desse dossiê, sobre o qual já circulavam comentários nos bastidores políticos do Estado, conforme revelou.

"Não é possível conviver com esse tipo de ilicitude num estado democrático de direito. Não tenho nenhuma conta bancária fora de Goiânia. Esse dossiê foi montado com o objetivo exclusivo de me prejudicar politicamente. Peço apuração do caso para que sejam identificados os autores intelectuais desse crime", declarou Marconi.

O dossiê afirma que, até o dia 20 de setembro de 2006, havia quatro milhões, cento e doze mil, seiscentos e noventa e dois dólares depositados em nome do senador no Wachovia Bank. Relata ainda que "pode decorrer a possibilidade de existência de outras contas bancárias em paraísos fiscais, com os quais o Banco Central dos Estados Unidos e União Europeia não têm convênio".

Os documentos ligam Marconi à empresa Aztec Group, por onde passaria todo o dinheiro. Em uma das páginas do dossiê, há o comprovante de uma suposta transferência de US$ 3,15 milhões da empresa para o Citibank, situado em Nassau, nas Bahamas.

"A única conta que tenho, as únicas contas que tenho estão em Goiânia", rebateu Marconi. "Não tenho nenhuma conta além dos limites de Goiânia. Nem a minha conta de movimentação do salário do Senado está aqui em Brasília. Eu recebo o salário de senador na conta do Banco do Brasil em Goiânia".

"Querem repetir comigo a velha e malfada estratégia do dossiê Cayman e do dossiê dos Aloprados, forjados respectivamente nas eleições de 1998 e 2006, com o objetivo de difundir a ideia de que membros do governo Fernando Henrique Cardoso - entre eles o próprio ex-governador José Serra - seriam titulares de contas no exterior."

Existe também uma minuta, redigida em inglês, que indentifica o segundo suplente do senador, o empresário Paulo de Jesus, como um dos diretores da firma. O documento credencia os dois a ter acesso e responder pela Aztec junto aos bancos Citibank, Wachovia Bank, Bank of America, UBS e Credit Suisse.

Quando soube disso, a primeira providência foi ligar para o Paulinho de Jesus. Eu perguntei a ele: 'escuta, você tem alguma conta no exterior, algum grupo?' Ele me disse: 'Eu não conheço nem o Paraguai. Nunca saí nem de Goiânia. Mal conheço o Brasil'", afirmou o tucano, em discurso feito no plenário do Senado. "Eu procurei no dicionário expressões que possam explicar uma atitude como essa. São palavras que estão no dicionário, mas que eu não utilizo no dia a dia - vil, safado, sem vergonha, sem escrúpulos, vulgar, malandro, pilantra, biltre, infame, chantagista, venal, devasso, indigno, detestável, perverso, cretino, libertino, salafrário, torpe, baixo, abominável, insuportável, patife, ordinário, chinfrim, desqualificado, moleque, chulo, abjeto, ignóbil", disse o senador.

Marconi apontou falhas grosseiras do passaporte que, supostamente, seria atribuído a ele. Chamou atenção, em primeiro lugar, para a grafia equivocada do nome do seu pai, Marconi Ferreira Perillo, escrito sem o primeiro sobrenome. "Eu tenho três passaportes, em todos eles constam o nome correto". O passaporte tem validade de 18 de junho de 1993 a 17 de junho de 2003, e foi emitido em São Paulo. Meus passaportes são todos de Brasília".

"Não é possível ficar calado diante de tamanha infâmia, não é possível não se indignar, ficar inerte diante de tamanha pilantragem, ato de salafrário, perverso e cretino. Não é por esse caminho que irão ganhar as eleições em Goiás, não é por esse ato ordinário e chinfrim que me atingirão", revidou Marconi.

Após receber a representação, José Sarney disse que iria enviá-la imediatamente à Corregedoria do Senado, instância competente para adotar as providências exigidas. O presidente do Senado classificou o dossiê apócrifo como uma prática abominável, à qual, lamentou, a classe política encontra-se sujeita.

A audiência entre Marconi e José Sarney contou com a presença dos deputados federais pelo PSDB goiano João Campos, Leonardo Vilela e Raquel Teixeira e do advogado do senador por Goiás, Antônio Carlos de Almeida Castro. Os deputados também assistiram ao pronunciamento do colega de partido no plenário do Senado.

Colegas se solidarizam

O senador Marconi Perillo recebeu o aparte de seis colegas de Senado durante o seu discurso, que durou pouco mais de uma hora. O líder do PSDB, Arthur Virgílio (AM), destacou a má qualidade do dossiê armado por adversários do tucano, e disse que o autor parece conhecer em detalhes o procedimento necessário para movimentar dinheiro em paraísos fiscais. "Se por um lado montaram dossiê grosseiro, que não enganaria criança de 10 anos, por outro os autores revelaram experiência em lidar com conta no exterior. Quem fez o dossiê conhecem bem o que é ter conta no exterior, porque está tudo tudo bem montadinho".

Virgílio também transmitiu a solidariedade da senadora Lúcia Vânia (PSDB-GO), que telefonou e disse que não poderia assistir ao prounciamento do colega. Cícero Lucena (PSDB-PB) chamou atenção para a lição que ficou do episódio. "O dossiê serve para dar alerta ao Brasil, como um todo, de como alguns que se encontram no poder estão dispostos a se manter a qualquer custo". Também tucano Álvaro Dias (PR) lembrou dos outros dossiês já fabricados com objetivo de macular a imagem de políticos do PSDB.

Citou o dossiê elaborado pela Casa Civil sobre o uso de cartões corporativos no governo do ex-presidente FHC; o dossiê dos Aloprados, que tentou vincular o então candidato à presidência José Serra a mala de dinheiro não-declarado para campanha em 2002. "É a impunidade que estimula essa prática. Se estivessem na cadeia os que fabricaram o Dossiê dos Aloprados, certamente os atuais fabricantes não estariam tão encorajados a fazer o que fizeram", disse.

Senador Mário Couto (PSDB-PA), que fez o mais acalorado aparte, disse que "vossa excelência não deve nada a ninguém. Faça assim para eles: quá-quá-quá-quá! Ache graça da cara dos invejosos que tentam prejudicá-lo. Dê o troco nas urnas." Papaléo Paes (PSDB-AP) seguiu a mesma linha, e para ilustrar sua admiração por Marconi, lembrou que o goiano foi o primeiro a alertar o presidente Lula sobre a existência do mensalão.

Paulo Duque (PMDB-RJ) lembrou as cartas falsificadas que o extinto Correio da Manhã usou para tentar incriminar o ex-presidente Arthur Bernardes, e diz que a corrupção levada a este patamar coloca a democracia em risco. Cristovam Buarque (PDT-DF) manifestou solidariedade. "É pena que um senador como o senhor tenha que gastar tempo na tribuna falando disso. Mas, lamentavelmente, o senhor fez o correto".

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