sexta-feira, 9 de abril de 2010

Nunca na história deste País!!

 



CIDADES

Moradoras tentavam se confortar enquanto as equipes de resgate buscavam por corpos ou sobreviventes em Niterói

Niterói chora mortos do Morro do Bumba
Deslizamento no Morro do Bumba, em Niterói, tem pelo menos 200 pessoas desaparecidas, segundo estimativa do corpo de bombeiros

O Popular

Rio - Com olhar incrédulo diante da montanha de lixo e destroços, Sabrina Carvalho gritava para que os bombeiros cavassem na área onde ficava a sua casa, na parte baixa do Morro do Bumba, em Niterói. A esperança era a de que seu filho Caio, de 6 anos, ainda estivesse vivo sob os escombros. O drama de Sabrina é compartilhado por parentes de cerca de 200 pessoas que foram soterradas no Morro do Bumba, em Viçoso Jardim, em Niterói, na noite de quarta-feira. No local, foram retirados, até o fechamento desta edição, 14 corpos. A prefeitura decretou estado de calamidade pública.

Relatório do Corpo de Bombeiros do Rio divulgado na noite de ontem aponta que subiu para 179 pessoas o número de pessoas mortas em decorrência das chuvas no Rio de Janeiro. Entre as mortes, 104 foram registradas em Niterói, 55 na cidade do Rio e 16 em São Gonçalo. Também foram registradas 1 morte em Petrópolis, Paracambi, Magé e Nilópolis. Segundo a Defesa Civil estadual, mais de 14 mil moradores foram obrigadas a deixarem suas casas.

Abraçada ao marido, que no momento do acidente estava no trabalho, Sabrina também chorava pela mãe e o avô que estavam na casa. “Escutei um barulho forte e fui até a rua verificar o que tinha acontecido. Achei que era um acidente de carro. Quando olhei para trás, o morro estava caindo sobre a minha casa. Não tive tempo de pegar meu filho”, disse, aos prantos. “É muita terra em cima do meu filho.”

Sabrina contou que o filho caçula, de sete meses, por sorte sobreviveu: “Uma tia veio atrás de mim com ele no colo. Ele teve ferimentos leves, foi levado para o médico, mas passa bem.”

A tragédia do Morro do Bumba foi a maior de Niterói. Até o fim da madrugada de ontem, 300 homens trabalhavam no resgate das vítimas. Pela manhã, o número de homens foi reduzido, e as máquinas começaram a operar. Três retroescavadeiras e uma pá mecânica auxiliaram os 50 bombeiros que passaram o dia escavando os escombros e o lixo acumulado. Outros 18 homens da Força Nacional e 50 policiais militares ajudavam no isolamento da área. O lixo retirado está sendo levado para o aterro sanitário de São Gonçalo.

As chances de encontrar sobreviventes no local são remotas. A operação de resgate é dificultada pelas próprias características do lugar. A terra desceu por cerca de 600 metros. A expectativa é que o resgate dos corpos demore no mínimo duas semanas. A favela cresceu ao longo dos últimos 30 anos num terreno onde há 50 anos funcionava um lixão. Foi a pior catástrofe relacionada à ocupação desordenada nesta tragédia das chuvas.

A secretária de Estado do Ambiente, Marilene Ramos, disse que a provável causa do deslizamento foi uma explosão do gás metano em decomposição do antigo lixão. Segundo ela, o lixo em decomposição formou uma bolsa de gás metano que em contato com o ar causou a explosão ouvida pelos moradores. “Trata-se de um terreno insalubre e que não deveria ter sido ocupado”, declarou a secretária.


Morro do Bumba, onde o deslizamento soterrou barracos

Estudos que mostravam riscos foram ignorados

Agência Estado

Rio - A Prefeitura de Niterói tinha em seu poder, desde 2004, pelo menos dois estudos produzidos pela Universidade Federal Fluminense (UFF) que alertavam sobre os riscos da ocupação desordenada da cidade e de deslizamento nas encostas do município. As pesquisas foram elaboradas pelos departamentos de geociência, de arquitetura e de engenharia civil da universidade.

O estudo mais recente, concluído em 2007, apontou 142 pontos de risco em 11 regiões da cidade. De acordo com o coordenador da pesquisa, o professor do Departamento de Engenharia Civil da UFF e doutor em Recursos Hídricos, Elson Antonio do Nascimento, os desmoronamentos ocorreram em cinco das áreas apontadas pela pesquisa, que teve o apoio do Ministério das Cidades.

“O plano seguiu a metodologia do ministério, que prioriza sempre soluções mais simples e econômicas. As obras emergenciais levariam dois anos para ser concluídas e o plano poderia ser finalizado em cinco anos”, diz Nascimento. Em junho de 2004, o Instituto de Geociências da UFF entregou à prefeitura um outro mapeamento com todas as áreas de risco de Niterói. No documento, o Morro do Bumba era apontado como uma região de “extremo risco.”


Voluntários se mobilizam para ajudar

Agência O Globo

Rio - Assim como a tristeza que tomou conta do Rio, a solidariedade não tem tamanho. Doações não param de chegar aos postos de recolhimentos espalhados pela cidade e em Niterói. Voluntários, órgãos municipais e estaduais, ONGs, redes de supermercados, instituições particulares, shoppings e outras entidades estão se mobilizando para ajudar as vítimas dos temporais e deslizamentos.

Material de limpeza e higiene pessoal, colchonetes, roupas de cama e banho, fraldas de criança e geriátrica, leite em pó, água mineral, copos e pratos descartáveis e alimentos não perecíveis estão entre os artigos de maior necessidade. Na sede da Cruz Vermelha, no Centro, voluntários se revezam 24 horas para receber, fazer a triagem, empacotar e transportar as doações.

A rede Hortifruti, que trabalha com frutas e verduras, colocou dois caminhões e dois motoristas à disposição durante uma semana. A rede Walmart Brasil doou 50 toneladas de alimentos e material de limpeza, além de colchonetes, para o governo estadual.

Além disso, as lojas estão recebendo materiais levados pelos clientes do supermercado. Todo material arrecadado será destinado à Defesa Civil.

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